05 Maio 2009
O petróleo foi encontrado na China no século III quando se escavava o solo em busca de sal gema. Desde a antiguidade, que os materiais petrolíferos, como o betume, eram conhecidos e usados como agente ligante (em vez da argamassa).
Mas a moderna indústria do petróleo nasceu em Titusville, na Pennsylvania, quando Edwin Drake, a 28 de Agosto de 1859, atingia um lençol petrolífero a pouco mais de vinte metros de profundidade. No novo mundo, na América, iniciava-se uma outra corrida a um outro ouro, que pela sua cor não hesitaram em chamar-lhe negro. Dos plásticos aos fertilizantes, tudo (ou quase), passou a ser feito à base do petróleo. Mas seria preciso que o homem inventasse o motor de combustão interna, o famigerado carro como hoje o conhecemos, para que ficássemos “viciados em petróleo”, como proferiu George W. Bush num dos seus últimos discursos sobre o Estado da União. Porém não foi na América, mas na Alemanha, graças aos esforços tenazes e independentes de Carl Benz e Gottlieb Daimler, que se construiu o primeiro protótipo automóvel, em 1885 e 1886. Iniciava-se a febre motora que nunca mais parou. Na América, ainda antes de acabar o século (1898), havia mais de cinquenta fabricantes de automóveis, e logo no virar do novo século, 1904, apareceram mais 241 companhias, entre elas a de Henry Ford.
A Grã-Bretanha, pioneira na primeira revolução industrial, o motor da economia mundial, onde Londres era o centro das finanças globais e a libra esterlina a moeda de reserva do mundo, perdia a pedalada para entrar na segunda. Em 1907, os ingleses fabricavam quatro vezes mais bicicletas que os americanos, mas os americanos fabricavam doze vezes mais carros.
Se no início o automóvel era caro e um privilégio dos ricos, Ford revolucionaria o mercado com duas inovações: a criação de um modelo utilitário, o célebre Ford T, produzido em 1908, nas linhas de montagem de Detroit, e o estabelecimento de uma rede de oficinas de manutenção por todo o continente.
O comboio que servira como transporte colectivo era substituído pelo automóvel que satisfazia o transporte individual – para o americano o carro passou a um prolongamento das pernas e a generalização da estrada macadamizada foi rápida. A Rua Direita da América, a mítica Route 66 era aberta em 1926 e ligava Chicago a Santa Mónica em Los Angeles. Na planura desértica do Midwest, as estradas pareciam rectas sem-fim, linhas do destino de quem se fazia à estrada à procura de uma vida melhor. Hoje, nada é linear, e a estrada do excesso está bem à vista.
Agora na China, vias rápidas dividem as cidades, por cima e por baixo, em viadutos e túneis, que deixam confuso qualquer Ocidental. Segundo a EIA, a China poderá vir a ser o maior consumidor de energia do mundo, já em 2010.
Mas a China, país que no século III descobria o petróleo, tem escassez desta matéria - 83% da produção energética provêm do carvão, que é abundante no país, mas as consequências ambientais obrigam o estado a repensar em fontes de energia alternativa.
Em Março deste ano a China assinou com a Rússia um mega-acordo em que se compromete a financiar, num total de 25 biliões de dólares as companhias russas Transneft (15 b.) e Rosneft (10 b.), para em contrapartida receber o “ouro negro”, que circulará num novo oleoduto a construir (1,030 Km), uma extensão do actual East Sibéria-Pacific Ocean, entre a refinaria de Skovorodino na Rússia e a província de Heilongjiang na China. Um total de 300 000 barris de petróleo por dia estão previstos circular no novo oleoduto nos próximos 20 anos.
A trágica verdade é que, mesmo que todos conduzamos automóveis híbridos com baterias recarregáveis, vamos precisar e continuar dependentes do petróleo num futuro tão longínquo quanto é possível vislumbrar, e os chineses bem o sabem ao assegurar, durante os próximos 20 anos, o “ouro negro” que não tem.
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